This is who I am, and I'll always be.

sábado, 27 de outubro de 2012

Amar, verbo vulgar

Onde foi parar a calma que eu tinha em meu peito?
Jurava ter sentido um alívio de felicidade repentino
Às vezes tudo, às vezes nada, um sorriso sem jeito
Uma lágrima de alegria, uma sanidade em desatino

Numa estrada de erros, a esperança ficou perdida
Há muito esmagada e fielmente combatida, sempre!
Por medo de ainda existir uma maior dor escondida
Por um erro vulgar do coração... Desejado? Nunca!

Um caminho, certo ou errado, é o que ainda espreito
Forte ou fraca, ainda sigo com coragem meu destino
Um anjo torto? Um anjo caído? Não cabe um conceito
Cabe seguir, com fé cega, com um sofrer clandestino


sábado, 22 de setembro de 2012

O Sonho Impossível


Sonhar
mas um sonho impossível
Lutar
quando é fácil ceder
Vencer
o inimigo invencível
Negar
quando a regra é vender
Sofrer
a tortura implacável
Romper
a incabível prisão
Voar
num limite improvável
Tocar
o inacessível chão...


É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão!


Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz...


E amanhã se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão...


E assim, seja lá como for,
Vai ter fim a infinita aflição,
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão!


Autores: Chico Buarque de Hollanda e Ruy Guerra

domingo, 9 de setembro de 2012

Memória


Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido

contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis

tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas

muito mais que lindas,
essas ficarão.




sábado, 8 de setembro de 2012

Inexistindo

Os olhos percorrem tudo, e nada veem
Os ruídos estridentes, nada lhe dizem
O ar toca sua pele, mas nada sente

Entre viver e existir, apenas está lá!
Entre a felicidade e a vida, o destino está lá!
Está lá, mas não parece estar em lugar algum...

Que pode uma alma "inexistindo" fazer?
Quando o sentido das coisas não há mais?
Quando viver e existir são verbos sem significado?


sexta-feira, 27 de julho de 2012

Longe


O amor que se esvanece a cada dia
Coração endurece na triste solidão
Vai embora linda, tão leve partia
Não a tenho, nunca terei. Desilusão!

Por que sempre tão longe de mim?
A sua mente se mantém distante
Me faz sentir tão sozinha assim
Para ti, nunca boa o bastante!

Medo de estar perto, coragem de deixar...
Dor por inteiro, força de sobreviver
Sangue de um sentimento a se apagar
Lavado por olhos a diluir meu ser

Nunca Mais


Ligue todas as luzes, fuja da sua escuridão
Mas e seu coração, que só as sombras sente?
Busque alento no som da sua doce canção
Afaste as vozes que torturam sua frágil mente

Esqueça a beleza suprema do passado
Olhos que te iluminavam, faziam sorrir
Os lábios que tanto quis ter tocado
Aquela voz sentida na alma, a te invadir

Por trás das lágrimas vejo um mundo
Vermelho de sangue, coração pulsante
Impiedoso pulsar num pesar profundo
Lágrimas, sangue, uma dor incessante

Digo do meu amor, que seja incondicional
Mas condicional é se não o quero rejeitado
Não se assuste, é apenas amor, não o mal
O que há de mau em um gesto apaixonado?

domingo, 22 de julho de 2012

Realidade Elusiva

Eu sou aquela que se iludiu quando acordou
Esteve no sonho antes de fechar os olhos
Fugiu da realidade e para o mundo se fechou

Não quero ter o que não seja de fato meu
A vaidade não me toma de assalto
Posso ver aquilo que nunca me pertenceu

Mas o que vivo é realidade sonhada
Ilusão real de um ganhar perdido
Alivío cego para a alma machucada

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Cher

"Je voyage en train pour les montagnes"
Quando olho para mim, só vejo tua imagem
Enquanto avisto pessoas, montanhas, estrada e vida
Só enxergo o que há de ti em mim nessa viagem
Triste e distante a partida, ansiosa chegada, alegre ida

"Je voyage en train pour les montagnes"
Minha querida, eterna companhia em meu peito
Que da mente se apossa vigorosamente, me acalmando
Com seus cantos, encantos, risos e tudo de mais perfeito
O choro de outrora se dissipando, você meu riso causando

"Je voyage en train pour les montagnes"
Jardins, montanhas, estrada, sol, amor, pele, desejo
Sei que "a rosa é rosa porque assim ela é chamada"
Em cada recanto do meu mundo, eu sempre te vejo
Deixe-me ser feliz, ver o que há de bom na tua estrada

"Je voyage en train pour les montagnes"
Pensamento voa, mas o tempo para, quero chegar
Te encontrar em outro lugar, além da minha mente
Não sair do sofá, que é bom demais, contigo estar
Cada palavra, imagem, sentido, sentidos intensamente

domingo, 11 de março de 2012

Adeus - Lord Byron

Adeus! e para sempre embora,
Que seja para nunca mais:
Sei teu rancor - mas contra ti
Não me rebelarei jamais.

Visses nu meu peito, onde a fronte
Tu descansavas mansamente
E te tomava um calmo sono
Que perderás completamente:

Que cada fundo pensamento
No coração pudesses ver!
Que estava mal deixá-lo assim
Por fim virias a saber.

Louve-te o mundo por teu ato,
Sorria ele ante a ação feia:
Esse louvor deve ofender-te,
Pois funda-se na dor alheia.

Desfigurassem-me defeitos:
Mão não havia menos dura
Que a de quem antes me abraçava
Que me ferisse assim sem cura?

Não te iludas contudo: o amor
Pode afundar-se devagar;
Porém não pode corações
Um golpe súbito apartar.

O teu retém a sua vida,
E o meu, também, bata sangrando;
E a eterna idéia que me aflige
É que nos vermos não tem quando.

Digo palavras de tristeza
Maior que os mortos lastimar;
Hão de as manhãs, pois viveremos,
De um leito viúvo despertar.

E ao achares consolo, quando
A nossa filha balbuciar,
Ensiná-la-ás a dizer "Pai",
Se o meu desvelo vai faltar?

Quando as mãozinhas te apertarem
E ela teu lábio -houver beijado,
Pensa em mim, que te bendirei
Teu amor ter-me-ia abençoado.

Se parecerem os seus traços
Com os de quem podes não mais ver,
Teu coração pulsará suave,
E fiel a mim há de tremer.

Talvez conheças minhas faltas,
Minha loucura ninguém sabe;
Minha esperança, aonde tu vás,
Murcha, mas vai, que ela em ti cabe.

Abalou-se o que sinto; o orgulho,
Que o mundo não pôde curvar,
Curvou-se a ti: se a abandonaste,
Minha alma vejo-a a me deixar.

Tudo acabou - é vão falar -,
Mais vão ainda o que eu disser;
Mas forçam rumo os pensamentos
Que não podemos empecer.

Adeus! assim de ti afastado,
Cada laço estreito a perder,
O coração só e murcho e seco,
Mais que isto mal posso morrer.

Eutanásia - Lord Byron


Quando o tempo me houver trazido esse momento,
Do dormir, sem sonhar que, extremo, nos invade,
Em meu leito de morte ondule, Esquecimento,
De teu sutil adejo a langue suavidade!

Não quero ver ninguém ao pé de mim carpindo,
Herdeiros, espreitando o meu supremo anseio;
Mulher, que, por decoro, a coma desparzindo,
Sinta ou finja que a dor lhe estará rasgando o seio.

Desejo ir em silêncio ao fúnebre jazigo,
Sem luto oficial, sem préstito faustoso.
Receio a placidez quebrar de um peito amigo,
Ou furtar-lhe, sequer, um breve espaço ao gozo.

Só amor logrará (se nobre à dor se esquive,
E consiga, no lance, inúteis ais calar),
No que se vai finar, na que lhe sobrevive,
Pela vez derradeira, o seu poder mostrar.

Feliz se essas feições, gentis, sempre serenas,
Contemplasse, até vir a triste despedida!
Esquecendo, talvez, as infligidas penas,
Pudera a própria Dor sorrir-te, alma querida.

Ah! Se o alento vital se nos afrouxa, inerte,
A mulher para nós contrai o coração!
Iludem-nos na vida as lágrimas, que verte,
E agravam ao que expira a mágoa e enervação.

Praz-me que a sós me fira o golpe inevitável,
Sem que me siga adeus, ou ai desolador.
Muita vida há ceifado a morte inexorável
Com fugaz sofrimento, ou sem nenhuma dor.

Morrer! Alhures ir... Aonde? Ao paradeiro
Para o qual tudo foi e onde tudo irá ter!
Ser, outra vez, o nada; o que já fui, primeiro
Que abrolhasse à existência e ao vivo padecer!...

Contadas do viver as horas de ventura
E as que, isentas da dor, do mundo hajam corrido,
Em qualquer condição, a humana criatura
Dirá: "Melhor me fora o nunca haver nascido!"


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A um coração quebrado



Qual a medida de um coração, do quanto pode aguentar
Não sei quando comecei a querer, desejar, enlouquecer
Quanto amor cabe no peito... o quanto se pode amar?
...
Amor, esperança, coração quebrado, desilusão a me afogar
O quanto ainda cabe num só coração, que me faça sofrer?
Ele bate ainda, até quando? o quanto ainda pode se quebrar?

Qual a medida do amor? Um mar de lágrimas a chorar
Um universo de dor a me consumir, me entristecer
Ou uma alma cheia de desilusão a me despedaçar?

Doce maldição



Sentimentos tão lindos, que jamais se repetirão
Palavras doces, elusivas como os sonhos em mim
Em ti havia toda a paz, refúgio de meu coração
... Hoje a escuridão me abraça, e espero meu fim

Tão lindo e perigoso é amar, sem medida, sem medo
Uma profecia de sorrisos e lágrimas constantes
Guardo agora minha doce ilusão, nosso segredo
Amores impossíveis, existências tão angustiantes

Em teu sorriso, antes sinfonia, hoje tortura
Tão triste ver sua beleza, e não poder tocar
Tua imagem, antes paisagem, hoje loucura
Lembranças da beleza que não vou alcançar

sábado, 4 de fevereiro de 2012

I drown on my own tears
I can't breath more
I feel the embrace of agony

My heart is frozen
Love turned me on a ghost
My eyes are dark
My face is pale

Nothing more has color
When I am feeling blue

domingo, 15 de janeiro de 2012

Uma ode que não é a de Beethoven

Beethoven exalta a alegria,
Eu exalto apenas a ti, princesa
Que me alegra cada lindo dia
E a chama do amor mantém acesa.

Não me acode palavra à tua altura,
Que seja tão linda quanto tua risada.
Por isso te digo com toda a lisura,
O quão mágico é esse riso de fada.

Me encante num passe que me prende,
Leve meu coração e minha mente.
Mergulho em ti, tua doçura me rende.
Então fico à tua mercê eternamente

Teus olhos de mel não canso de olhar.
Tua boca me chama, me hipnotiza.
Teu rosto lindo, macio.. quero tocar,
E assim minha fantasia se realiza

E por tudo isso que desperta em mim,
É que digo que passou por minha vida
E de meu coração se apoderou, enfim.
Só queria te dizer o quanto és querida.

Alívio Imediato

Não é por acaso que o desejo do fim permanente se debruça sobre mim..
A não consciência é alívio imediato para a dor consciente e tortuosa
Essa busca por um mundo nosso, em que não estejamos perdidos..
Ah como eu aspiro atender o chamado dos anjos mortais
E simplesmente desfalecer em seus braços a me puxar
Para a escuridão cega, que não me permite ver sua face
Chorar por ti, te amar loucamente, sofrer o desprezo velado
Alívio para uma alma cansada, de amar sem saber como ser amada..